Uma conversa séria sobre o Brasil

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Percival Puggina 

         Em recente encontro casual com pequeno grupo de cidadãos interessados em questões nacionais, falávamos sobre a educação no Brasil. Ao ser mencionado o modelo das escolas cívico-militares, alguém perguntou, provocativamente: “São aquelas escolas que preparam militarezinhos para o Brasil?”. Aceitei a provocação e transcrevo aqui o que disse então.

Durante toda a minha vida ouvi ser repetida uma frase atribuída a Rui Barbosa, segundo a qual a pior das ditaturas seria a do judiciário porque dela não haveria a quem apelar. Mas onde – raios – já houve uma ditadura assim, sem voto nem legitimidade, nem força armada, nem patrocínio econômico interno ou de potência estrangeira?

Pouca sorte a nossa, pois acabamos por conhecer essa bizarrice na atualidade brasileira. O Brasil vive uma ditadura imposta pela Suprema Corte ao se tornar não apenas um poder político, mas o poder que determina os rumos da política nacional. Ela se manifesta em mostruário de arbitrariedades que partem de um pressuposto típico de política estudantil: a vitória da direita em 2018 teria colocado a democracia brasileira sob risco de um golpe de estado (risos na plateia).

Por meios próprios, o STF se ergueu à condição de poder político dominante, ando a supervisionar e a conter a expressão da opinião pública. Daí a censura, a censura prévia, o bloqueio de contas nas redes sociais, o controle dessas redes e das plataformas, a intimidação e submissão do parlamento, os casuísmos, as ameaças e o cerceamento de políticas aprovadas na eleição de 2018. Surgiram, até mesmo, três dogmas de fé: dogma da vacina que não vacina, dogma das sagradas urnas sem impressora (urnas com impressoras é uma ambição satânica) e dogma da imaculada vida pública de Lula.

Isso acontece em virtude do domínio exercido pela esquerda nos ambientes culturais, notadamente nas salas de aula, onde, afirma com razão José Dirceu, estão os corações e as mentes. Elas, de fato, não proporcionam bons cidadãos ao Brasil! Não proporcionam cidadãos responsáveis e que usem a liberdade com responsabilidade. Não proporciona estudantes que estudem porque disponibiliza professores que não estudaram e estão mais preocupados com preparar militantes políticos. Quanto mais burros melhor. Quanto menos amarem o país, melhor. Quanto menores e mais frágeis forem seus critérios morais, melhor.

Toda rejeição às escolas cívico-militares está em que elas operam no contrafluxo dessa atividade. Não formam militantezinhos, mas preparam melhores cidadãos, recurso humano de que a nação hoje é carente. Por isso, comprovado em tantas e tantas votações dentro das comunidades, é o modelo preferido e desejado pela imensa maioria dos pais. É isso que as escolas cívico-militares fazem e é por isso que a esquerda quer acabar com elas.

Percival Puggina (80) é arquiteto, empresário, escritor, titular do site Liberais e Conservadores (www.puggina.org), colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+. Membro da Academia Rio-Grandense de Letras.

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