Felicidade é uma convocação

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         Percival Puggina
Sim, felicidade é uma convocação natural a todo ser humano. Todo mundo quer. É a mercadoria com maior clientela. Por felicidade, entra-se em fila de espera, se preciso for. No entanto, o maior equívoco daqueles que a buscam consiste em confundir felicidade com satisfação. Tenho certeza de que colocados, assim, lado a lado, os dois vocábulos – “satisfação” e “felicidade” –, salta aos olhos que seus conceitos são diferentes. Na vida prática, contudo, a confusão é permanente, é regra geral, com raras exceções.

Então, vejamos. “Satisfação” é o estado de espírito de quem desfruta de algo atraente aos sentidos: a música que nos agrada, o perfume certo, um pôr-do-sol sobre as águas, o prato predileto, o toque da pessoa amada. Há uma clara relação, pois, entre “satisfação” e um ou outro de nossos cinco sentidos, de modo que tal estado de espírito se relaciona diretamente com nossos instintos e gostos pessoais.

“Felicidade”, por seu turno, é o estado de espírito de quem encontrou o Bem. Não apenas uma “coisa boa”, mas “o” Bem. Refere-se a algo muito mais permanente do que a satisfação, que esta vale tanto quanto dura. O Bem, assim, com maiúscula, é substantivo ao o que a palavra “bom” é usada, habitualmente, como adjetivo atribuído a algo.

Por isso, é importante que tenhamos vida além dos muros da comunicação social, com tempo para atividades que elevem o espírito, para convívio afetivo e cultivo das virtudes – fé, esperança e caridade – que estas conduzem ao Bem e, portanto, à felicidade. Ao menos, é assim que penso e sinto.

Percival Puggina (80) é arquiteto, empresário, escritor, titular do site Liberais e Conservadores (www.puggina.org), colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+. Membro da Academia Rio-Grandense de Letras.

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